E N T R E V I S T A
................................................................. 1/3 HUCIUS:
Que es Voltz. Que concepcion teneis del diseño gráfico
CL: Vamos
dizer assim, a gente tá vivendo a era da eletrônica, e
a gente acredita que muita coisa da eletrônica não
existe sem a eletricidade por exemplo, então quando a
gente pensou a coisa de Voltz, a gente pensou assim:
Vamos voltar. Tá todo mundo querendo ir, e a gente tava
querendo voltar. Então, por isso que a gente gosta de
pegar essas coisas do nosso universo, nossas referências
pessoais, nossas vidas enquanto criança, entendeu,
voltar, porque tá todo mundo querendo ir, a gente tá
querendo voltar e ter uma coisa a mais...... É por isso
que a gente pensou em Voltz....
AL: E o que acaba sendo o
diferencial porque enquanto, por exemplo, tem que criar
uma coisa de tecnologia (isso é o que a gente tá
passando recentemente), todo mundo pensa em globo, em
elipse, pensa tudo que tem a ver com tecnologia e a gente
vai por outros caminhos, a gente vai para um lado humano
e tenta fazer uma analogia entre o humano e o
tecnológico, a gente nunca coloca um globo. A gente tem
essa preocupação de não ir pelo mesmo caminho que as
pessoas estão indo, e o nosso caminho é o caminho da
nossa vida, por exemplo, a gente entrou aqui na casa da
Cl, foi lá no armário, viu uma coisa que dava pro nosso
trabalho,... o que algumas pessoas buscam é abrir
catálogo de fotos que já estão prontas e o trabalho
já sai pronto ali. A gente não, a gente observa muito,
a gente vai nos lugares e observa muito, tudo. Então, eu
vejo aquilo, aquilo pode ser uma referência para uma
peça gráfica, e aí você vai fotografando, que quando
você precisa, você. vai no lugar ou se você precisa
você fotografa de novo
CL: Tem muito disso, a gente
tem um olhar gráfico para as coisas,
HUCIUS:
vocês estão falando de outra pergunta.... A
concepção...
CL: A gente tenta enxergar
coisas gráficas em tudo que a gente vê, nossa
concepção de design gráfico é você enxergar uma
coisa e dar vida àquela imagem, e inserir aquela imagem
em alguma história.
AL: Por exemplo, isso para mim
é design gráfico (enseña el horno sobre la mesa), ali
já tem uma composição gráfica.....
CL: Você pode aliar isso, com
uma idéia que você já tem, com o que o cliente está
te propondo, e pegar uma história que já existe e
juntar ela com uma história que é para ser contada, e
fazer essa ligação. A gente pensa e trabalha desse
jeito. A gente veio aqui -ah! tem ursinho de pelúcia, é
uma boa idéia, vamos usar, - quando tem que fazer um
trabalho vê foto - nossas fotos - abre gaveta, abre
armário.
HUCIUS:
falar de origem
AL: Volts é com s
CL: Volts de voltagem
AL: E aí a gente colocou um Z
porque o Z ia ficar mais diferente, mais interessante, a
terminologia com Z do que com S, mas sem nenhum motivo, a
gente quis trocar porque achou que Voltz com Z era
melhor. Porque senão o Volts com S todo mundo sabe que
é de voltagem, e o Voltz com Z pode ser uma pessoa.
HUCIUS:
que referencias formales y conceptuales han ido .......
CL: Isso é interessante porque
a gente por exemplo, vamos falar até de uma outra
formação - eu e Alessandra não temos a formação de
design gráfico. A gente tem uma formação de
publicitários, que é uma outra história
AL: E a nossa vida, eu e o
Cláudio, trabalhamos em agência de publicidade, em
rádio, e o Cláudio trabalhou com vídeo e com
multimídia, mas nossa formação é para trabalhar em
agência, e a gente saiu de agência porque a gente acha
que não tinha a ver o trabalho que a gente fazia com o
que uma agência propunha. Por isso nós separamos e
montamos a Voltz com uma outra concepção ao invés de
ter uma concepção de agência que é a nossa
formação. Conhecemos e sabemos como trabalha uma
agência mas não concordamos com esse jeito, então
optamos por trabalhar em criação também mas de outra
maneira.
CL: É, por acreditar numa
outra forma de trabalho, de perceber, o que a gente sente
que as pessoas que trabalham com isso, sente que as
coisas tem que ser todas muito rápidas, o cliente
precisa de tudo muito rápido, então acaba que as
pessoas também estão interessadas em dinheiro, em
resolver o problema do cara, então a gente sente que
falta um pouco de amor pelo trabalho, de uma referência
pessoal, você pensar no trabalho, elaborar, tudo
mais.... e acaba que a gente vai por esse lado.
HUCIUS:
vocês não tem uma trajetória, uma formação de
desenhista....
AL: Eu, quando tinha 7 anos eu
fiz aula de desenho com uma artista plástica, então,
quando pequena, eu desenhava e participava de
exposições e também criava meus próprios brinquedos.
Então desde a infância eu tenho essa percepção de
desenhar e o Cláudio também.
CL: Gostava muito de
desenhar...... A formação nossa nessa área é toda
auto-didata.
AL: Olha foram leituras, por
exemplo, a WIRED
CL: não, mas isso é muito
atual, eu acho que para chegar aonde a gente chegou, por
exemplo, vamos fazer nossa trajetória, vamos tentar
relembrar....... Estudava no colégio e ficava em casa
desenhando
AL: Eu não tinha referência,
ficava em casa desenhando, desenhava um pai, uma mãe uma
família, e cortava, passava férias desenhando.........
Minha irmã mais velha tinha um traço interessante. Eu
tinha aula com essa Arlinda Correia ( lá artista
plástica) e ela tinha uma técnica que era muito
interessante, se você pegasse uma folha e se você
errasse, não podia apagar. Você tinha que reconstruir
(rehacer) com o próprio erro, então isso eu acho que
ativou muito a criatividade porque a gente não podia
rabiscar nem apagar. Era uma aula muito interessante
porque a gente chegava, pegava uma folha A4, desenhava 4
coisas em grafite e no final da aula a gente recebia uma
tela e pintava com óleo, com o material que ela desse no
dia, e depois da aula, sentavam todos os alunos, e ela
sempre fazia uma brincadeira de perguntas, então era uma
aula muito criativa, e acho que isso aguçou a
criatividade. Tanto que hoje às vezes a gente tá
criando, e a gente erra e tentamos com aquele erro,
recriar. Pegamos o erro e dá vida ao erro, muito em
função dessas referências que tive na infância. Hoje
não sou desenhista. Não desenhamos. Mas já usamos nos
nossos trabalhos desenhos da nossa infância, o FID tem
desenho feito na nossa infância, um jornal tem um
coração da infância do Cláudio .... então a gente
pega referência da nossa infância que era quando a
gente tinha mais tempo, quando ficava por conta daquilo,
tentamos fazer aula de desenho quando mais velhos mas
não demos conta porque tinha muito exercício de
observação e a gente não quer olhar um telefone e
desenhar aquele telefone, eu quero chegar e desenhar o
que eu quiser... Antes de chegar na Voltz, fizemos
paralelamente cartões, desenhava cartão, pintava com
aerógrafo.... Fazíamos cartões que era uma maneira
também de voltar ao nosso desenho, mas nos cartões
também não tínhamos referência de nada.
CL: Também nunca fiz curso de
nada, autodidata no sentido assim: lia muita revista, ia
no cinema, referência do dia-a-dia. Esse é o grande
negócio, a gente tem uma referência do dia-a-dia. Vamos
dizer, eu vou daqui para lá, olho tudo.
HUCIUS: ....os planejamentos
estéticos......
CL: Do dia-a-dia. Da rua, dos
caminhos, nunca estudei.... ficava desenhando em
casa.....nunca fiz exposição... Na universidade conheci
um amigo, e começamos a fazer alguns trabalhos juntos de
fotografia, pintar em fotografia. Eu sempre gostei muito
de fazer um pouquinho de cada coisa, gosto muito de
cinema, fiz muitos vídeos autorais com esse amigo, sem
referência nenhuma, - vamos fazer? vamos fazer! - pega a
camera, vai, inventa, faz. Vamos fazer marquinha para tal
pessoa? Vamos fazer também, sem saber também. Então,
gostava muito de ler revista, ver filme, escutar rádio,
... então, trabalhei em rádio, fiz vídeo pôr conta
própria, fiz exposição de fotografia sem ser
fotógrafo, resolvi tirar foto, fiz um pouquinho de cada
coisa. Passei a trabalhar numa empresa profissionalmente,
que era uma empresa de multimídia, onde acabei
convivendo realmente com tudo o que eu vivi por conta
própria na rua.... tive oportunidade de fazer isso la,
que era trabalhar com todas as mídias e realizar um
trabalho interativo, de multimídia e tudo mais.
HUCIUS:
...referencias ....
AL: Uma referência de trabalho
que a gente tem é do David Carson
CL: É, pessoas que a gente
admira a proposta de trabalho
AL: Sempre sai livro dele, a
gente sempre compra para poder ver o que ele fez
CL: David Carson é um designer
gráfico (norte) americano, ele era surfista e começou a
fazer revista de surf e inventou uma linguagem nova
dentro do design gráfico, ele tem uma referência da
rua, muito interessante, de surfista resolveu fazer
design gráfico e hoje é uma sumidade, um dos melhores.
É um cara que a gente admira. Tem o Neville Brody, é um
inglês da década de 80. É um cara que revolucionou
muito na parte de tipografia. E daqui do Brasil.....
AL: Tem outro também.......
CL O Vaughan Oliver, esse é
muito legal. A gente tem uma área de atuação, a Voltz,
por coincidência e por opção nossa, a gente tá sempre
muito ligado à área cultural. Hoje não tem mais
condição de fazer isso, mas eu fazia muito videoclip de
graça para uma banda, fazia capinha de fita, capa de CD
de graça.... sempre envolvido com essas pessoas, num tem
dinheiro... vamos fazer... num tinha ninguém para fazer,
a gente fazia alguma coisa, fazia! E um cara que trabalha
nessa área profissionalmente e faz coisas fantásticas
é o Vaughan Oliver. Ele é o programador visual, o
designer mais importante duma gravadora que chama 4AD,
uma gravadora importante americana, e ele faz o design da
maioria das capas dessa gravadora. Vaughan Oliver é
americano. Gente do Brasil, as pessoas que eu - a genten
- admiro é o pessoal da Burritos de São Paulo, são
pessoas daqui...
AL: São próximas da
gente.....
CL: Que ao mesmo tempo a gente
tem uma relação pessoal, são amigos, apesar de serem
uma geração acima da nossa, quando a gente estava na
escola sem saber o que fazer, esse povo já estava
fazendo design gráfico profissional, e são pessoas
muito legais que a gente conseguiu se aproximar deles, a
gente tem uma relação legal, e que na minha opinião
são os melhores do Brasil....
AL: Tem aquele cara....de
encorparar o espírito......
CL: é mas aquele faz um bom
trabalho mas passa batido, um cara que chama Gringo
Cardia, mas não é uma referência.... O Rico Lins fui
saber da existência dele há um ano... Já tinha até
visto coisa dele mas nunca apeteceu querer saber mais
sobre o Rico Lins. Publicidade nunca me interessou. Acho
que a gente tá conversando sobre uma coisa que para nós
é até difícil falar porque nunca paramos para pensar
nisso, e a gente é muito novo, novo no sentido assim....
isso tudo que nós estamos fazendo é tudo novidade, a
gente cada dia tá inventando uma coisa, por exemplo, a
Voltz existe há dois anos, e a gente nunca parou para
pensar nisso, a gente começou a fazer design gráfico na
Voltz, até a gente chegar na Voltz a gente ficou
experimentando um tanto de coisa, passou por um tanto de
lugar e aí teve alguns embasamentos, algumas
referências....
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